Friday, September 9, 2016

PRIMEIRA DAMA DO APITO






                       PRIMEIRA DAMA DO APITO


As emoções não existem apenas na música de Roberto Carlos.
Em Junho tive a oportunidade de sentir na pele o que é verdadeiramente emocionante.
Em minha biografia estão plasmadas várias passagens de  minha odisséia para ser árbitro de futebol. Nunca lutei pelo pioneirismo e sim pelo direito de exercer o trabalho que me dava prazer.
Apesar do machismo que impera na maioria dos países latino-americanos, pude vencer o autoritarismo de um homem que se creia o deus do futebol no Brasil, em pleno governo militar, o que me deu o título de primeira árbitra de futebol profissional da FIFA no mundo, e o segundo apito de ouro, presenteado por Sir Stanley Rous.
Com isso pude abrir um leque de trabalhos para as mulheres, que como eu, queriam ingressar no futebol.
Quase meio século depois de concluir o  curso de ábitros na Federação Mineira de Futebol, meu país reconheceu minha luta, prestando-me uma linda homenagem no Museu do Futebol, em São Paulo, com a criação do Visibilidade Para o Futebol Feminino.
Esta emoção divido com a gaúcha Silvana Goellner, que por 15 anos me mencionou em suas aulas e junto com seus alunos, investigou até me localizar, o mérito de encontrar-me é creditado a Eric, que se passou por jornalista para me contatar.
A alegria que tive ao reencontrar-me com Germana ex-companheira da rádio mulher foi indescritível, a felicidade em rever Silvia Regina, e conhecer meninas que continuam lutando pelo futebol feminino, seja como jogadoras, árbitras, auxiliares e técnicas serviu para confirmar que minha luta não foi em vão. Minha árvore continua dando frutos, e disso me orgulho muito.


Como se fosse pouco tudo que aconteceu em São Paulo, recebi outra homenagem em Porto Alegre, onde, reencontrei meu grande amigo Dr. Antonio Olavo dos Santos (Vico) que em 1973 fez de mim pioneira da arbitragem feminina  em futebol de praia, quando me levou para apitar o GreNal   na praia de Atlântida.
Nesta ocasião conheci pessoas que mantiveram viva minha luta e  outras que foram além, como o caso de Ivete Gallas que foi campeã treinando uma equipe de futsal do Iran.
Em Porto Alegre,fiz palestras na Universidade Federal de Educação Física e na escola de Jornalismo, onde tive a oportunidade de compartir idéias e conhecer os sonhos dos que alí se encontravam.
Carreguei comigo a frustração de não ser reconhecida em meu país durante muito tempo.
Agora espero que Minas Gerais, meu estado natal, reconheça meu trabalho e me dê o lugar que por justiça mereço.
Foi uma longa espera, mas valeu a pena! Nunca é tarde quando a meta é nobre.



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